Eu adoro o meu silêncio, a minha quietude, mas não gosto da mudez dos outros.
Amo estar no meu canto, quieta, serena, não gosto de barulho para dormir, televisão ligada ou música, apenas a chuvinha lá fora caindo como sinfonia.
Só que se eu estiver com outra pessoa e ficar aquele silêncio quase mórbido eu arranjo um jeito de falar, nem que seja para soltar aquele patético – será que vai chover hoje? E isto já me deixou em várias situações desconfortáveis, além de me fazer falar além do que eu precisava.
Lembrei deste silêncio em várias situações, mas a última foi quando sai com uma pessoa que eu não tinha intimidade e muito menos amizade e ficou aquele silêncio. E conforme a ausência de som aumentava em nossa “conversa” meu desespero ia acompanhando. Começou a me dar uma agonia que iniciei minhas palavras sem sentido (nem me lembro o que de fato eu disse) só sei que depois disto nunca mais nos encontramos…(risos)!
Mas eu deveria entender o outro por esta escolha e respeitá-la, por que não faço isto?
Porque eu tenho medo da serenidade do outro.e só me dei conta agora, escrevendo para vocês. Porque eu sei o que faço em minha calmaria, mas não tenho a menor ideia do que o outro faz e isto me incomoda. E me incomoda porque eu não tenho controle sobre o pensamento do outro e ai chegamos no ponto: tenho mania de querer controlar tudo – até mesmo a reticência alheia.
E para que isto mude é necessário uma compreensão maior do mundo, entender que por mais clichê que isto seja, o que é para ser vai ser. Eu querendo ou não, eu gritando por dentro ou para todos ouvirem, nada é de nosso controle ou posse. Um passeio em meio à mudez do outro pode me trazer as melhores respostas, aquelas que jamais escutei verbalmente.
Vamos deixar o controle para todas as tecnologias disponíveis, não para os seres humanos!