Acompanhar o crescimento de uma criança, seu desenvolvimento, aprendizado, mudança de corpo, jeito de falar, a forma de criar sua personalidade e características é muito gostoso, porque nos aproximamos do frescor da vida. Do que ainda é descoberta e experimentação…
Só que a vida tem criança, adultos e idosos. E os cães idosos. Minha cachorra está com 14 anos. E o ano que passou foi com certeza o mais desafiador para ela (e para mim). Passamos por poucas e boas, fortaleci a paciência, a fé e o amor. Em troca, recebo o sentimento maior de gratidão que poderia existir.
Eu não sei o que nos espera ainda. Se nossa caminhada já está cruzando a linha de chegada ou se teremos muitos episódios para passar juntas, mas viver com ela (desde seu primeiro ano de idade) foi um dos maiores presentes que eu recebi na vida.
Diferente da maioria dos cachorros que eu conheço, ela não é daquelas que gosta de ser abraçada, que gosta de colo, mas adora um carinho. Não pode ver uma mão solta que solicita atenção…na verdade tem pedido menos ultimamente. Já está quase surda, caminha mais vagarosamente, mas come e bebe água do mesmo jeito de sempre.
Quando chegou em casa eu dizia que ela tinha manual de instrução: educada, boazinha e muito rápida para aprender. Parecia que ela sabia exatamente em qual casa que estava chegando. Meu pai, embora adore cães, era durão e dizia que cachorro era só no quintal, mas quando ela chegou ocupou um espaço em seu coração também.
Ela e meu pai estão com suas limitações e é curioso vê-los envelhecendo da forma mais doce possível. Me dá uma injeção de ânimo para seguir a caminhada, fazer a diferença e agradecer por tudo de bom que eles dois me proporcionam.
Animais de estimação podem não pensar como nós, mas entendem e respeitam suas próprias limitações, vão até onde podem e nos ensinam, assim como os idosos, que toda jornada começa com o primeiro passo e que ela se encerra quando não há mais para onde ir.