O facebook me lembrou que há seis anos eu viaja para terras cariocas. Sai por ai com uma mochila nas costas (e muitas questões na cabeça) numa primeira aventura sozinho. Fiquei fora por 7 dias conhecendo o Rio e Paraty. Se eu contar ninguém acredita, mas, assim como aconteceu em 2010, este ano também não havia programado nada, apenas apontei um lugar no mapa e fui. A única certeza que tinha era de momentos em frente ao mar para reflexão, pensamentos e anotações.
Quando a foto despontou como uma lembrança em meu facebook, não fiz tantas conexões, mas, durante o dia, pensei em como aquela viagem foi diferente dessa última. Do seu contexto à minha maturidade. Dos pensamentos às descobertas. E como isso é bom. É interessante ver que mudanças aconteceram. E acredito que, se mudou, é para a melhor, ou para se tentar melhorar, não é mesmo?
Aquela não foi minha última viagem sozinho, mas foi a que mais estive só comigo mesmo, absorvendo momentos de um mergulho interno intenso. Aquela foi a última até então. Em minhas viagens conheci gente, seja local ou não, mas depois que elas iam e voltavam para o seu caminho eu ficava pensando nelas, em mim, naquele encontro. E mais, no meu encontro comigo mesmo.
Em junho desse ano, estive em Natal (melhor dizendo, RN). Pude rodar muitos lugares pelo litoral do estado e foi muito bom. Lugares lindos, mas, mais do que isso pude mergulhar na cultura local, entender pessoas e o seu estilo de vida e o que lhes dão felicidade todos os dias. O jeito de viajar esse ano mudou. Lembro que naquele mochila em 2010 muitas questões pessoais foram na bagagem para serem resolvidas naquele trajeto. Este ano, ao entrar no avião as deixei por aqui. Fui num total objetivo de mergulhar no novo, desprendido de mim, dos meus problemas e visões, mas, sim absorver o que fosse ver lá sem pretensão alguma, e depois, refletir naquilo tudo e entender o que mais fazia sentido para mim.
Reparei no meu jeito de viajar. Um jeito menos preocupado em absorver lugares, mas sim pessoas. Falei com muita gente com histórias diversas. Cada uma delas acessava em mim um sentimento, uma curiosidade. Uma das que mais me tocou foi o bugueiro Zé. Ele me levou até a divisa com a Paraíba saindo de Baía Formosa. Sua pele estava marcada pelo sol, seu carro tentava resistir à maresia e a areia, mas o que de mais forte tinha naquela dupla era a vontade de mostrar suas terras e realizar seu trabalho sempre com um sorriso.
Fui sentado no banco da frente com o Zé enquanto a família que nos acompanhava ia sob o motor admirando a paisagem (e comendo um pouco de areia). Dali, pude saber muita coisa principalmente sobre a realidade do meu mais novo amigo. Ele ficou feliz em me ver testar seus conhecimentos locais, suas crenças e mitos pregados por ali. E mais alegre ainda quando lhe perguntei da sua família. Logo disse que passou a juventude toda ali e que não houve um dia se quer que quisesse fazer outra coisa. Ele estava feliz.
Já no hotel fiquei feliz também. Fiquei feliz em pensar em como o Zé era feliz. Que sua família estava bem. Sei que por ali também existem problemas, mas tem gente ali num lugar tão bonito e de contrastes tão grandes que sorri diante do mar e não é turista. Ama e cuida do seu espaço.
O Zé reforçou a coisa que mais gosto de fazer. É saber que lugares são feitos de gente. Viagens fazem mais sentido assim, quando sente-se as pessoas que ali estão e traz isso para junto de você.
#motivaçãotododia
#edualves
Eduardo Alves antes de ser relações públicas, sempre foi um observador. Agora, por meio das palavras, quer dividir suas reflexões sobre o que vê e sente do mundo.