Já parou para pensar porque as pessoas “devem”?
Consigo elencar três condições: (1) elas não tem como pagar, (2) elas não querem pagar ou (3) elas não sabem que estão devendo.
Quando uma dívida é gerada, junto com ela vem as cobranças e os juros, certo? E as vezes parece impossível pagar algo que cresce tão rápido.
Isso também acontece quando geramos dívidas afetivas. O que é isso? Costumo chamar de “dívida afetiva” aquilo que a gente espera receber afetivamente de alguém e que não recebe.
Exemplo: amor de pai e mãe. Praticamente todo filho que conheço já gerou divida afetiva com seus pais. No olhar de quem ‘não recebeu’ a divida precisa ser paga e geralmente é muito cobrada.
“Ele não me deu atenção, carinho e afeto!”
“Ela nunca me apoiou”
“Sempre preferiu meu irmão”
As vezes geramos dívidas com amigos e parceiros amorosos
“Achei que pudéssemos ser amigos”
“Fiz tudo por ele(a) e percebi que nunca me amou como eu amei”
Em linhas gerais, dívidas afetivas são produzidas na ausência do afeto. E são cobradas na mesma proporção. Os juros vem como mágoas, rancores, desconfiança e medo…
E elas são caras. Mesmo que se cobre, mesmo que se explicite, nunca será quitada completamente. Quando a gente cria uma destas, os juros correm solto e muito rápido. Se te faltou amor da mãe aos 5 anos, imagine o tamanho da dívida acumulada aos 30?
Para perdoar é bom considerar o devedor. Imagine-o:
Se na época ele não tinha como pagar… agora terá? Os juros que você gerou são “pagáveis”? Geralmente eles são muitos e sobrepostos…
Se no momento ele não queria pagar… será que um dia pagará? Querer é tão importante nesse ponto…
Se o devedor nem sabia que deveria pagar, não tinha ideia que ficaria devendo… será que hoje já sabe? Será que aquele que lhe deve afeto tem noção que um dia não lhe deu?
Muitas pessoas não aprenderam como dar afeto, amor e carinho… (infelizmente…)
Perdoar as dividas afetivas, nada mais é que dar a chance para si mesmo de ter uma relação sem cobranças. É se dar a oportunidade de deixar claro o que se espera, de agradecer aquilo que vem e de entender de todo afeto pode ser suficiente para pagar o que quer que tenha ficado em aberto.
Que sejamos capazes de não criar novas dívidas e de entendermos, de uma vez por todas, que cada um dá o que pode, o que sabe e o que quer.
Mariana Marco, é psicóloga que poderia listar aqui todos os títulos e experiências profissionais que tem. Envaidecida que só, vai deixar essa lista temporariamente de lado, pois tem se esforçado para tocar mais as pessoas e enaltecer-se menos. Aprendeu a se sentir livre e amada mesmo quando deixa essa lição escapar vez ou outra.