Sabe quanto não é nem lá nem ca? Nem 8, nem 80. Que não diz nem que sim e nem que não? Que não sobe e nem desce?
Que fica na média. Este lugar sempre foi o meu predileto. Ficava no mediano. Da nota, dos amigos, da vida, dos amores. Em discussão preferia não saber qual lado seguir. Se alguém contasse uma história eu teria um lado para dizer que era o melhor, mas preferia não fazer isto.
Era um local sem visibilidade que me permitia não existir. Imagine uma pessoa alta e invisível? Difícil né? Mas o médio permite isto. Não era a melhor aluna da escola e nem a pior. Não era a mais popular, nem a menos. Não tinha problemas com os professores, mas não era “xodó” de nenhum.
Isso facilitava o anonimato. O escondido. Mas também camuflava meus dissabores e incômodos. Ficava numa zona de conforto que permitia fingir que estava tudo bem.
E não estava.
Em cima do muro é uma vista privilegiada porque enxergamos os dois lados dele, porém, é o lugar dos preguiçosos, dos que não querem pensar. Dos que preferem esperar a maioria decidir para poder descer de um lado ou do outro.
É o lugar mais improdutivo do mundo! Precisamos escolher, decidir, tomar uma atitude.E este processo pode ser feito de várias formas, uma delas é pelo processo psicoterapêutico. Foi fazendo terapia que eu identifiquei esta situação e comecei a dizer, aos poucos, o que sentia, o que me feria.
Minha mente, minhas escolhas.
Se algo não vai bem, precisamos colocar a questão para fora de nós para chegarmos no centro daquele problema e resolvermos. Para resolver precisamos de uma conversa honesta com a gente. Do mesmo modo que temos com aqueles que gostamos e queremos ajudar. E isto não nos custa muito.
Às vezes, acabo voltando para este lugar comum e invisível que investi tempo e sofrimento, mas quando me dou conta saio de cima do muro e escolho o caminho que me faz seguir em paz.