A manhã estava cinza, mas não fria. Porém para mim, ficou gelada: o avião que levava o time praticamente inteiro do Chapecoense (SC) caiu e somente 5 pessoas saíram do avião com vida. A notícia por si só é lamentável, mas piorou quando eu soube que em meio a estas pessoas encontrava-se um amigo.
Minha tia diz que dou a denominação “amigo” para todo mundo, mas se eu não considerava ele um colega de trabalho, não tínhamos conversas superficiais e de vez em quando falávamos pela internet como posso chamá-lo?
Nos conhecemos no jornal que trabalhamos. Eu, no marketing, e ele na redação do jornal Marca (de esporte). Ele e seu fiel companheiro, Balocco faziam uma dupla incrível (aliás, não consigo ver um sem o outro). Dava gosto de ver. O mundo caindo naquele lugar, clima tenso e eles de bom humor segurando a bomba com sua equipe.
Quando a situação ficava muito difícil para mim eu sentava na “sala” dele (que na verdade não era sala, era apenas uma mesa com uma cadeira na frente) para falar da vida e reclamar, pois é, naquela época eu reclamava muito e ele sempre com seu sorriso ouvindo atentamente.
Fazemos aniversário com 1 dia de diferença, ele dia 21, eu dia 22 então eu falava parabéns e depois era a vez dele. Nossos cafés e chopes nunca aconteceram. Ai ele foi para o Rio de Janeiro, sua casa, para cuidar das coisas lá e nosso encontro ficou para quando eu fosse para lá. Fui, não nos falamos. Voltei e ele me deu um puxão de orelha “veio aqui e nem me viu”, ficamos de marcar quando ele fosse para São Paulo. Fiquei desempregada e ele pediu meu currículo para divulgar entre os amigos, voltamos a falar do chope e este dia nunca chegou.
Nossa última conversa no face foi ele perguntando se eu estava bem, pois havia sonhado comigo, esta conversa aconteceu exatamente no dia que estava completando 9 anos que minha mãe havia partido. Coisas da vida. Vida.
Só damos valor quando ela acaba, quando alguém se vai, quando não temos mais. Quando na verdade o herói tem que ser em vida.
Eu não peço a você que “ame mais”, porque amar já é o ápice, mas imploro diga que ama, diga que estima alguém, diga que está sentindo saudades, porque o amor não tem o “mais” ele é intenso e grandioso, mas precisa ser dito.
Só que esperamos o dia certo, o momento ideal. E não existe. Ideal é todo dia. É dizer ao seu irmão que embora as diferenças você o estima muito. É simplesmente dizer porque compartilhar momentos uns com os outros já é exclusivo.
Aceite o chope, o café, os cinco minutinhos na catraca do metrô só para ver aquele seu amigo. Ele ficará feliz e você com a mente tranquila.
PJ vibrações positivas não te faltam, fique em paz e quando nos encontrarmos de novo teremos tempo de sobra para o café, o chope, a conversa fiada e muito mais.
O herói tem que ser em vida!
Texto emocionante! A vida é o que temos de mais maravilhoso e fugaz.
Grata por compartilhar sentimentos.
Clarissa, eu que te agradeço por passar por aqui. Precisamos dizer mais o que sentimos, não é mesmo? Aproveitar nossa passagem da melhor forma!
Beijos querida