A culpa é um lado do medo.
Porque se formos notar temos medo daquilo que não sabemos conduzir. Que não elaboramos. Do obscuro. E a culpa é algo que não sabemos administrar.
É como se fosse alguém dizendo a todo instante o quanto falhamos, o quanto não somos bons o bastante, menos importantes, mas sempre reforçando o nosso lado da falta. E para deixar a situação ainda pior, todas estas conclusões são feitas por nós. Criamos uma crença infeliz e inútil que nos faz acreditar verdadeiramente em tudo o que pode nos causar angústia e arrependimento.
Só que isso tem: prazer, me chamo autopunição. É o processo de carregar uma cruz pesada demais, que era para levarmos por meia hora, mas achamos por bem (e para ficarmos presos) levarmos por anos. É quando sabemos que falhamos, mas não seguimos viagem, continuamos em círculo vicioso se autopunindo por aquilo.
Não há nada de belo e nem heroico nisto. É claro que devemos ter consciência de quando falhamos. E que é importante sabermos e tentarmos revertermos a situação, mas não podemos carregar pesos além do necessário.
A cruz é pesada e humanamente impossível de ser levada por uma pessoa, mas insistimos até conseguir. O resultado? Mesmo depois de carregá-la além do prazo sentimos o corpo dolorido pelo peso e esforço desnecessário. E o pior: as marcas deste processo permanecem em nós.
E o medo é o melhor amigo da culpa, eles andam juntos sempre. Atropelamos os outros sentimentos, deixamos de ouvir a nossa intuição por conta deles e isso não é bom. Por isso que é importante estarmos sempre com a nossa consciência plena, discernindo o que é de fato necessário e o que não é.
Afinal de contas é o mesmo que usar uma roupa de inverno num verão de 40 graus, ou seja, é sentir um desconforto desnecessário.