Quando a unha descola da pele
Sabe quando a unha descola da pele?
Geralmente acontece da forma mais boba possível, às vezes, ao tentar abrir uma simples tampinha de um pote ou qualquer outra atividade que alguém diz ” – eu não tenho unha” ai a gente coloca a nossa unha em ação e pronto a arte está feita!
Logo após de isso acontecer sentimos arder. E cada vez que vamos mexer com este dedo, lavar as mãos, pegar algo vem esta dorzinha. E automaticamente a lembrança do que fizemos que remeteu a este machucado.
Sabe por que a ferida demora para curar?
É que por uma força do destino, coincidência ou qualquer outro nome que a gente possa dar, quando o ferimento está quase curado, conseguimos machucar no mesmo lugarzinho. E volta a doer tudo novamente.
Esta analogia foi a melhor que encontrei para falar sobre feridas e dores. Mágoas e ressentimentos. Para falarmos sobre quem nos machuca e sobre nós quando machucamos.
Em alguns momentos, a situação é tão imperceptível que achamos que não foi nada, que aquilo que dissemos ou fizemos ao outro ele nem percebeu, que foi de leve…mas se é a com a gente é quase que imediato notarmos sobre o ocorrido numa riqueza de detalhes que é de admirar.
Mas o tempo passa e nos dá a percepção de diluir o machucado, as palavras insensatas, a crueldade com que alguém nos tratou e nós relevamos, deixamos para lá. De fato, fazer isto nos dá uma sensação de leveza sem tamanho. Sentimos que o peso foi embora e que podemos seguir nossa caminhada em paz, não é mesmo?
O que a gente não percebe se não estivermos alinhados com a nossa essência é que a qualquer momento a unha pode “descolar” de novo com alguma ponta afiada e tudo pode se repetir do mesmo jeito sem que a gente possa interromper.
Sabe qual o lado bom disso? Já doeu, já machucou, já feriu, então reconhecemos esta dor e não ficamos tão surpresos pelo ato em si, mas abrimos novamente aquela mesma ferida.
Qual a vantagem de machucar duas vezes no mesmo lugar?
Vantagem em se ferir parece que não há, mas se a gente está atento ao nosso processo interno, (e isto envolve percepção, intuição e maturidade) conseguimos reparar em aprendizados imensos com a dor e também diminuir as chances da mesma ferida abrir novamente.
Outro ponto a ser levado em consideração é que já sabemos que a atitude que tomamos antes não foi suficiente e ai temos a certeza que é preciso fazer algo diferente para curar e não ser apenas um adesivo tampando o machucado.
Isso não significa que iremos viver livres de dores, pois teremos machucados prontos para serem mexidos, palavras prontas para serem feridas e pessoas disponíveis a nos treinar para que a gente se posicione melhor e não dê esta permissão e invasão em nossa vida.
O que vale mesmo é contribuirmos para o mundo de forma positiva, acolhedora e pacífica. E para isso precisamos estar em paz com a gente mesmo.
O que o outro nos faz é responsabilidade dele e quanto a isto não temos nada a fazer.