Acompanhei de longe (fisicamente), por aproximadamente cinco anos, a aceitação e total dedicação de uma querida amiga a seu pai. Ele foi diagnosticado com uma doença neurológica degenerativa que não vou recordar o nome, mas que tem algumas características semelhantes com a esclerose múltipla (doença que minha mãe tinha). O processo é bem rápido e em poucos anos ele estava acamado, sem falar, sem engolir, comer e por fim respirar direito.
Cada vez que eu falava com ela sobre ele sabia que havia um sofrimento pela situação, mas não sentia uma dor exposta, dramatizada, pesada. E creio que isto seja um estilo de vida adotado por ela desde sempre: sorrir e pensar no lado bom (por isto a chamo de Poliana)!
Nossa amizade começou há uns 6, 7 anos atrás e desde sempre tive um sentimento especial por ela. Dentre as coincidências: temos o mesmo signo, somos loiras de olhos azuis (tem gente que acha que somos irmãs), amamos a escrita, nossas mães são falecidas, somos formadas na mesma área, gostamos de dança, mas não sou apaixonada por cerveja como ela.
A tristeza pode não unir, mas episódios de perdas ou dor podem fazer duas pessoas podem se aprofundar no compartilhar de suas vivências. Logo depois que ela soube que o pai dela estava doente eu soube que o meu também estava. Os processos eram diferentes, mas as dúvidas muitas vezes eram semelhantes…o que vai ser quando tudo isto acabar?
Por estes dias seu pai partiu, para alívio de dores e sofrimento e eu não estive presente neste momento. Por ironia do destino ela me mandou mensagem logo pela manhã, mas a mensagem não saiu do celular dela. Me doeu quando ela me contou que chorou quando se deu conta que eu não estava lá ao seu lado. Eu queria ter estado. Ela queria que eu estivesse, mas alguma coisa não permitiu que estivéssemos.
Por que eu to contando uma história destas por aqui?
Porque a morte faz parte da nossa vida. É a nossa única certeza e embora seja triste perder, também é reconfortante ter alguém para nos dar as mãos. Alguém para nos consolar, nos ajudar, ou simplesmente estar ao lado. É bom sabermos que fazemos a diferença na vida do outro e que este outro torce por nós da mesma forma que torcemos por ele. Que a admiração e o respeito mútuos fazem com que cada um de nós sejamos ainda mais íntimos e próximos.
Ela, minha amiga Poliana, sabe (porque eu sempre digo a ela) o quanto a amo e por isto também sabe que só não estive presente neste momento de luto dela porque a tecnologia não permitiu, mas ela tem e sempre terá os meus melhores sentimentos e dedicação. Ela compreende de uma forma muito plena que o que aconteceu com seu pai foi o melhor que podia acontecer e compreende que na vida nada é à toa.
Sua caminhada ainda está no começo e tem muitas alegrias e conquistas a alcançar. E eu estarei aqui, sempre, aplaudindo e me orgulhando dela!
Desta vida levamos afeto, carinho e amor e se por acaso isto não está fazendo parte dela é porque estamos priorizando mais o ter do que o ser. O lado bom? Podemos virar a chavinha e começar neste exato momento…