Pão de afeto
A cozinha e eu temos uma relação necessária, mas não de amor, pois não sou apaixonada pela arte de cozinhar. E também não me considero cozinheira, aliás sou ótima para provar novas receitas, não para fazê-las. Mas eu tenho uma história para contar sobre o pão de afeto.
Antes, acho válido dizer que tem dias em que eu acordo animada e me “meto” na cozinha, admito que são raros momentos. Quando eu faço isso eu me conecto automaticamente com a minha mãe e a minha tia.
Meu primeiro pão integral
Me aventurei em fazer o primeiro pão integral da vida. Fazer o pão em si, lembra minha tia Odete. Ela era a mão de ouro dos pães. Toda vez que ia em casa já sabíamos: ela passaria a tarde inteirinha fazendo massas doces e salgadas!
Eu me lembro do fermento com a farinha, com as minhas mãos grudadas na mistura, com meus dedos provando a massa crua (porque eu era chegada em comer a receita antes de pronta) e das bolinhas no copo com água. A expectativa era imensa: subiu bolinha, massa pronta para assar!
Minha tia, além de ótima padeira era excelente cabeleireira dos pães, fazia as melhores tranças e roscas! Desenhadinhas com perfeição.
Depois de assados eu e meu primo repartíamos alguns dos pães e comíamos feito doidos! Com manteiga, puro, na versão doce com limão e açúcar, não tinha tempo ruim, todos eram provados.
A lembrança nunca morre
Não sei o quanto os pães da minha tia eram bons, mas para mim serão sempre os melhores porque eles eram recheados de afeto. Jamais me esquecerei destes momentos incríveis e divertidos. Era o pão de afeto.
Já a minha mãe fazia sucesso na cozinha, mas principalmente na pizza. Quando tinha festa em casa: “hoje vai ter pizza na casa da Tia Daisy”.
E no dia da pizzada eu e minhas irmãs já sabíamos que desde cedo teríamos atividades. Começávamos o processo de fazer a massa, amassar, passar o rolo na massa, fazer o molho de tomate, preparar os recheios e deixar tudo prontinho para a noite!
Todo mundo adorava aquelas reuniões.
Minha tia Odete, hoje não faz mais pães, mas aposto que ainda fala sobre eles na cidade em que mora agora, já a minha mãe tenho certeza que deve estar ensinando futuras cozinheiras, pois adorava ensinar.
Tanto minha tia quanto minha mãe se eternizaram dentro de mim de inúmeras formas, mas foi através de suas receitas que fazem com que eu me acolha em seus colos até hoje.