O reflexo será sempre nós mesmos

Eu costumo fazer as compras de casa sempre no mesmo mercado. Outro dia estive lá e ao entrar na fila reparei na caixa, ela era uma das mais rápidas e educadas daquele local. Quando foi minha vez de pagar ela acabou se confundindo com o valor (paguei uma parte em dinheiro e outra em débito) e no final ela cobrou R$ 8,00 a menos.

Assim que eu peguei a notinha fui avisá-la e ela se surpreendeu muito quando viu que eu estava dizendo que eu devia ao supermercado e não o oposto. Demorou mais para eu pagar o que faltava do que meu tempo dentro do lugar, mas eu sei que os oito reais tirariam a minha noite de sono se eu não avisasse a ela. Depois que eu paguei o valor restante ela me agradeceu mais algumas vezes e eu fui embora, leve.

Relatei esta situação porque assisti outro dia um vídeo que está circulando na internet de um cara que finge deixar cair sem querer um dinheiro do bolso distraidamente, mas tem uma câmera escondida filmando o comportamento das pessoas que veem esta cena. Ele faz 4 vezes o mesmo procedimento e todos pegam o dinheiro, não devolvem e vão para o lado oposto dele.

Ai ele passa ao lado de um cara que aparenta ser morador de rua e deixa o dinheiro cair novamente. O moço prontamente se levanta e entrega a nota. Ele devolve e diz que por causa da sua honestidade o dinheiro é dele.

Ao final da gravação o protagonista da história diz que antes da gente falar da roubalheira que pode estar desgovernada aqui no Brasil, precisamos entender que os representantes do país são o espelho de uma sociedade. Só podemos dizer apontar dedos se nós nunca fizemos algo semelhante ao outro.

E a mesma coisa acontece com a nossa energia. Se eu me incomodo com o outro, com suas atitudes ou comportamentos é porque ele tem características que eu escondo em mim ou que eu já tive em algum grau e que não quero mais lembrar. E isto é o que chamamos de sombra. Quando escondemos nossa sombra estamos tapando os nossos defeitos, maquiando algumas características e deixando de sermos nós mesmos.

Se queremos mudar o externo, não tem jeito: precisamos começar por dentro. Compreendendo nossas atitudes, nosso modo de sentir, pensar e agir e colocar equilíbrio em cada um deles, nem que seja para assumir que muitas vezes, metaforicamente falando, pegamos o dinheiro do outro no chão e usamos sem peso ou culpa.

E para isto basta aceitar o que somos: o pacote completo!

Somente reconhecendo nossa essência é que poderemos reagir sem agressividade, egoísmo ou arrogância.