O que não é ser mãe?
Passei boa parte da minha vida acreditando que o processo de viver era nascer, crescer, procriar e depois morrer. Informação constante na religião que eu fui embutida desde que me entendo por gente. Ser mãe fazia parte do pacote.
Para contribuir com isto, eu estudei numa escola católica que foi uma das mais responsáveis de ter vivido os piores momentos da minha vida.
Para compreender melhor sobre esta fase, sugiro buscar na lupa do site o termo “bullying” e você encontrará vários momentos meus relatando de fatos que foram vividos na escola.
Voltando ao tema “maternidade”, eu acreditei que ser mãe era algo necessário para uma mulher, mas não me recordo em momento algum de me questionar se eu queria ser mãe ou se estava em meus planos.
Eu falava a respeito como se fosse o meu passaporte da vida, mas em profundidade…
O tempo foi passando, a maternidade não chegando, as pessoas ao redor questionando ” – você não quis ter filho?” e a fala é como se isto fosse uma prova final que dependia totalmente da minha resposta para me qualificar como boa pessoa ou não.
” – Ah, mas você gosta tanto de criança”
Os conselhos de quem não vive a nossa vida
Lembro de estar uma vez numa mesa grande e que um homem conhecido por todos começou a exaltar aqueles que eram pais e mães. Da forma que foi abordada parecia que apenas a função pai ou mãe habilitada qualificaria um ser humano. Ele só não percebeu que a maioria dos que estavam à mesa faziam parte da turma que ele não qualificou ou deu nota.
Já ouvi muita coisa por ai sobre maternidade e muito mais sobre eu dizer que hoje em dia não desejo ter filhos. Veja bem, não disse que quero fazer nada de violento ou que seja agressivo eu só comentei que não me vejo mais nesta função e acredito muito que isto não diminui quem sou.
Até que em aula eu tive a feliz informação de que para exercer a maternidade não precisamos ter filhos, a maternagem está associada a todos que cuidam como uma mãe.
O ato de cuidar
Cuidar de alguém doente na família, ficar com os sobrinhos pequenos, cuidar dos filhos da amiga, ser o refúgio de amigos quando as coisas não estão bem para eles, cuidar de um animal necessitado, se preocupar em fazer algo para alguém que não está nos melhores momentos de vida, inventar uma viagem “sequestro” com quem está se recuperando de uma doença é promover a maternagem.
E isto não diminui e nem reduz nenhuma mulher que não queira ser mãe.
O caráter e a capacidade de amar não são medidos pela quantidade de filhos que uma mulher tem. Seria fácil se assim fosse, mas o amor independe disto e ultrapassa aquilo que determinam como padrão.
Como garantia
Ouço por aí que algumas mães tem filhos porque assim não ficarão sozinhas na velhice ou porque deste modo serão sempre lembradas. Sinto dizer que filho não garante companhia na velhice, mas aquilo que damos ao mundo, isso sim garante o amor que receberemos em troca.