Vim de uma família que valoriza a estabilidade financeira, ou seja, um trabalho com carteira assinada e – em tempos atrás – aposentadoria feliz. Esta mesma família me ensinou a não pegar dinheiro emprestado, fazer compras somente à vista, não fazer dívidas e também a guardar dinheiro.
E quando falo em “guardar dinheiro” não me refiro a montantes monstruosos.
Meu primeiro emprego não oficial era de recreadora infantil em buffet. Lembro como se fosse hoje que ao final de cada festa feita eu recebia R$ 15,00. Deste valor minha mãe dizia ” – Guarde nem que seja R$ 5,00 e o restante pode usar.” Não era muita coisa, mas era alguma coisa.
A minha primeira compra à vista foi o “negão”, meu aparelho de som duplo deck com CD da Aywa. Lembro que juntei o valor de várias festas no buffet mais uma ação de marketing que eu entreguei brindes em agências de publicidade – mal sabia eu que este ambiente seria minha segunda casa por muito tempo. Depois veio meu primeiro carro que demorei 5 anos para comprar, o baby blue, Corsinha Wind usado.
Todos os ensinamentos foram muito importantes para que eu aprendesse a viver com aquilo que eu tinha, porém, em partes me atrapalhou quando virei empreendedora.
E se você tem vontade de empreender, mas não sabe se irá persistir nesta decisão, aqui vão algumas conclusões que eu cheguei até hoje. Lembrando que são percepções minhas sem aprofundamento em nenhuma área aqui citada.
Para empreender é necessário se planejar financeiramente – saber quanto temos de despesas no mês e quanto de receita teremos para que esta conta feche. Se a receita for como a minha – variável – ter dinheiro para este período é importante, mas não me aprofundarei nesta parte.
Persistir será um verbo muito utilizado neste caminho, porque terão dias que nos questionaremos se isso é determinação ou teimosia. Se estamos insistindo em algo que não terá futuro ou se realmente vale o risco. Se estamos certos em acreditar naquilo que sempre foi o nosso sonho ou se o sonho realmente ficaria melhor em pensamento.
Quando migrei de salário fixo para receitas variáveis eu senti imediatamente a diferença, porque eu sabia que trabalhar com aquilo que não alimentava a minha alma não funcionaria para mim, mas descobri o lado do empreendedor que nem sempre dizem.
Todo mundo quer cobrar pelo serviço prestado ou produto oferecido, mas não querem pagar pelo trabalho dos pequenos empreendedores.
Foi só eu começar a vender produtos do Motivação Todo Dia – que cada época teve um diferente – que eu percebi que o tempo que se leva investindo energia, mão de obra e criatividade no produto não paga o valor dele. E quando inclui bazares a conta aumenta ainda mais.
O preço é sempre uma questão delicada.
Quanto cobrar pelo meu serviço?
Se cobramos o valor justo de tempo dedicado naquele projeto, pedirão desconto. Se fizermos um valor mais acessível – e que não paga exatamente a conta – como estratégia para ganhar clientes vão desconfiar “tão barato deve ser ruim”. Creio que isto seja uma cultura nossa quando é barato é ruim quando é caro é bom.
Quantas e quantas vezes eu ouvi de amigos – e até de parcerias que fiz ao longo do caminho – “é melhor cobrar bem baratinho porque ninguém te conhece e depois que estiver conhecida você cobra mais.”
Aos marqueteiros de plantão e meus amigos de profissão peço licença, pois aqui é uma opinião minha, sem menosprezar as estratégias de marketing de nenhum produto ou serviço, mas não acho lógico isto. Se eu sou profissional competente hoje e tenho o meu valor ele não deveria ser rebaixado para ganhar clientela e nem inflacionado porque sou (re)conhecida.
Com isto, estamos retirando o nosso valor e não o nosso preço.
Quantos livros, cursos, palestras, Workshop, conversas, cafés, encontros, tombos e aprendizados foram necessários para que eu possa oferecer o meu melhor em cada local que passo? Quanto de investimento financeiro eu fiz para ser a profissional que sou hoje?
Já ouvi que meu trabalho é bom, mas caro. Já ouvi que meu trabalho é barato e por isto não passa credibilidade. Já ouvi que outra empresa maior cobra praticamente a mesma coisa e é reconhecida. Se a minha empresa sou só eu e eu não sou reconhecida no mercado questionarão minha capacidade e eficiência. E ai? Qual o melhor caminho a seguir?
E isso que nem falamos ainda sobre a concorrência.
Eu trabalho com escrita empática, produção de conteúdo, sou facilitadora e mediadora de cursos livres, rodas de conversa, encontros com abordagem em temas relevantes do cotidiano. O que eu faço, muita gente faz. E muita gente boa.
Só que se tem algo que eu aprendi com profissionais que eu me inspiro e que tenho a sorte de chamar de amigos é que o que eu faço só eu faço. O que o outro profissional faz, só ele faz.
Eu demorei para aprender porque tinha medo que textos meus fossem compartilhados sem os devidos créditos, que alguém copiasse minha apresentação de algum trabalho e com isto ficasse igual, era o meu ego falando.
Quando eu entendi que podem copiar ideias, textos, apresentações e outros, mas ninguém iria fazer o que eu faço do jeito que eu faço, eu relaxei.
E isso vale para qualquer pessoa, portanto, não tenha medo de ser copiado. Se isto está acontecendo contigo é sinal de que você está inspirando pessoas e isto é ótimo. No mundo de hoje o colaborativo é o caminho.
Sua área tem muita gente? Que bom. O diferencial será a conquista em conjunto. Chama para fazer parceria, aproveita para networking, conversas, aprende, ensina. Não tenha medo do que o outro pode fazer com a sua ideia. Pode ter certeza que neste mundo imenso mais alguém teve a mesma ideia que a sua e nem deve te conhecer. Aproxima, não afaste.
Quem não compartilha se afoga em conhecimento.
Aprender é incrível. Portas e janelas se ampliam diante de nós, sou muito grata a todos que compartilharam seus conhecimentos, mas ensinar é multiplicar o que se divide. Está cheio de gente boa no mundo esperando uma oportunidade de aprender e com certeza estas pessoas sempre se recordarão daqueles que lhe ensinaram.
Empreender me ensina todos os dias, porque nem toda terça-feira é animadora, nem toda segunda é motivadora e nem toda sexta a gente termina feliz com alguma conquista, mas basta eu repensar meus passos que o Universo mostra a direção.
Ah, e uma palavra que não pode faltar no vocabulário e no coração de todo empreendedor é acreditar. Acredite nas suas habilidades, em seus talentos e força de vontade. Não pare no primeiro obstáculo achando que isto é um sinal para desistir. O obstáculo nos mostra exatamente o quanto que estamos dispostos a ir adiante.
E se quiser bater um papo, é só me chamar!
Sua franquesa, seu desprendimento, muito me encanta😍😍.
O melhor é entender que realmente somos todos diferentes, cada qual com sua digital, com seu encanto!
Parabéns pelo seu trabalho e sua perseverança.
Beijos no coração
Su, que visita boa! Te agradeço pela passagem por aqui e por estar sempre incentivando as pessoas a serem cada vez melhores! Um beijão
Keila, seus textos são sempre muito bons. Este, especialmente , caiu como uma luva.
Obrigada. Bjos
Sueli! Eu que agradeço pela partilha e feedback. E que bom que gosta de outros textos daqui do Motivação. Acredito que todo mundo junto ajuda e fica mais fácil a caminhada não é mesmo?
Gratidão!
Um abraço