Já mencionei em alguns textos sobre o bullying que sofri na infância e parte da adolescência. Isto realmente foi marcante, mas toda vez que conto algum lado dele minha intenção é mostrar o lado que me fez crescer. E no meio deste processo aconteceu um fato muito curioso que vou compartilhar com vocês agora.
Aos cinco anos lembro de uma tarefa na escola que era desenhar seus melhores amigos numa folha de papel e uma amiguinha que eu tinha (oriental) desenhou ela, uma amiguinha nossa e um balão. Quando foi mostrar para a “tia” quem eram as pessoas apontou para o balão e disse que era eu. Aquilo me magoou muito, mas eu não falei nada e guardei comigo.
Na fase da adolescência eu andava com outra menina que me metia sempre em enrascada e eu não me ligava porque era muito ingênua (mesmo) e coincidentemente ela era oriental. Isto aconteceu sucessivamente: na faculdade, no meu primeiro emprego, amigas de balada e sempre com a mesma etnia. Eu demorei muito tempo para perceber o quanto eu discriminava as pessoas quando eram de descendência japonesa. E era algo muito forte. Se fosse nos tempos de hoje talvez eu pudesse ser processada porque eu soltava algumas palavras preconceituosas…
Quando me dei conta da história do balão e da etnia da pessoa compreendi que minha raiva “sem motivo” era por conta disto e resolvi a questão compreendo que o que eu vivi era passado e não fazia parte mais da minha vida.
O mais surpreendente desta história toda é que hoje em dia isto mudou. Meus melhores médicos e profissionais ligados a área da saúde são orientais e profissionais amáveis e de um coração enorme. A lista é extensa e nada proposital, simplesmente acontece.
Isto faz a gente pensar em quantas coisas que colocamos no mesmo “pacote” por acreditarmos que se um fez o outro também fará. A gente tem mania em generalizar. Julgamos o outro de forma padrão eu quando o outro nos julga não gostamos.
Cabe ai uma avaliação nossa em relação ao outro, seja pessoa, credo, nacionalidade, instituição, políticos, opção sexual e mais uma infinidade de itens. O que estamos fazendo com aquilo que nos acontece? Porque está ai a grande sacada para nos libertarmos de pensamentos bobos e situações que nada mais foram acontecimentos isolados e pontuais.
Simbora, é pra frente que caminhamos!