Antigamente eu costumava pensar que aprender com o outro envolvia o método tradicional: parar e ouvir. Numa aula tradicional, por exemplo, anotar o discurso do professor é tomar para si o conhecimento e tê-lo mais próximo, quando não internalizado, ao menos naquela anotação.
Com o tempo esse entendimento mudou… passei a aprender com o exemplo. Mais do que o discurso, eu gostava de observar as situações, ver quando as pessoas acertavam e erravam, quando sofriam mais ou menos etc. E assim, de certa forma, “copiando” os bons exemplos, eu poderia ter um desempenho melhor, evitar riscos e diminuir os dissabores que a vida vez ou outra nos reserva.
O que eu não esperava era descobrir uma nova forma para este processo de aprendizado. Uma forma não convencional, que eu nunca havia pensado, mas que talvez traga um conhecimento muito mais profundo sobre o outro e, acima de tudo, sobre mim mesma.
Por este novo método, eu reflito sobre o incômodo, o desconforto, a frustração… por exemplo, aquela pessoa chata, difícil de digerir, ou ainda, a situação que me causa repulsa, vergonha, estranheza, indignação. Para essa reflexão, uma pergunta é fundamental: o que eu tenho a aprender com isso?
Perguntinha dura de engolir… Porque antes de responder, eu preciso passar pelo meu orgulho e admitir que posso ter algo a aprender sobre aquela situação, inclusive sobre eu mesma. Aliás, principalmente sobre eu mesma!
Passada a aversão inicial, responder a esta questão tem trazido grandes aprendizados. Porque o outro é um espelho de nós mesmos. Aquela pessoa difícil no fundo mostra uma parte de mim que eu talvez desconhecesse ou escondesse. A situação frustrante talvez mostre a minha finitude ou impotência. O momento infeliz também traz consigo algo a ensinar. É difícil admitir que haja aprendizado no incômodo, mas provavelmente esse seja o lugar mais produtivo para se procurar. O resultado comprova: o enfrentamento não é fácil, mas o autoconhecimento compensa!
* Simone Alves da Costa é professora universitária e consultora de carreira, e adora contribuir com o desenvolvimento das pessoas por meio da escrita!