A primeira cirurgia que eu fiz no joelho (eu tenho duas) foi a que os médicos consideram de médio porte. Foi um processo doloroso e de recuperação lenta, pois foram duas em uma. Embora eu soubesse de todo o pós-operatório que me aconteceria eu escolhi fazê-la por conta das crises que eu tinha.
Foram três dias no hospital sem poder andar, mais três semanas sem andar e outras três semanas andando parcialmente. Se eu fosse ligada em numerologia ou jogos de azar eu teria feito algo com esta informação, porém, foram apenas dados relacionados a cirurgia mesmo.
Como recomendação, o médico me disse que o limite para qualquer exercício que eu fosse fazer seria a minha dor. Eu teria que forçar todos os dias para dobrar minha perna e este seria o meu termômetro. Nos primeiros dias eu lembro que era quase impossível mexer nela, mas aos poucos eu fui forçando para tentar dobrar, nem que fosse um pouquinho, e eu seguia firme na orientação – o limite é a sua dor.
Fazendo um paralelo com a vida da gente, será que nós deixamos determinadas situações emocionais ultrapassarem do limite da dor ou entendemos quando o alerta vermelho avisa que é hora de parar?
Pensando sobre a minha vida em específico reconheci que por muitas vezes eu passei do limite.
Já estava doendo muito e mesmo assim eu insisti naquele vazio, naquela dor, naquele momento que já não fazia sentido. Um relacionamento que se estendeu por tempo demais, um emprego que não fez sentido, mas que continuamos mesmo assim por causa das contas que temos para pagar no final do mês (sem nos darmos atenção que talvez estejamos gastando mais em remédio do que em despesas mensais), é o limite que não demos para alguém que ultrapassa da linha respeito e age de forma displicente e abusiva conosco e por ai vai.
Todos nós temos o linha imaginária que avisa a dor e como cada indivíduo é único pode ser uma marca maior para um e menor para o outro, mas jamais podemos permitir demais o que era para ser de menos.
As cirurgia que eu fiz me permitiu ver que para cada dor há um limite e para cada pessoa há um pare!