Uma música. Um perfume. Um livro. Um cheirinho de comida caseira. A grama molhada. O som da chuva. Um lugar específico.
Tudo pode ser um estímulo que nos transporta para um outro lugar. Que nos leva a uma lembrança. Isso acontece muito comigo, principalmente com música. Muita música me lembra muita gente, mas nem toda gente que eu me lembro é relevante, é só um detalhe decorativo da cena.
Eu não acredito que lembrar é sofrer ou que faz mal, recordar para mim é reviver a sensação do momento e até suspirar como no dia. Também é sorrir de mansinho e fechar os olhos bem fechados para ver se o tempo volta um tiquinho só, mas nada de dor, só alegria.
Muitas vezes, uma boa lembrança é utilizada para resgatarmos a energia daquele momento e renovarmos nossa força para o agora. Por sinal, é uma ferramenta muito utilizada em coaching, que chamamos de âncora.
De tudo que me faz lembrar, eu sempre chego a uma grata percepção: embora dê saudades do passado, prefiro quem sou hoje ao que era naquele período. Não me troco por fase anterior nenhuma ao que vivo agora. No hoje.
Eu represento todas aquelas mulheres que fui, todas as perdas que tive, todas as decepções, frustrações e desafios, mas também represento toda força, alegria e felicidade que tive para estar aqui. Só consegui estar Keila hoje porque passei por todas estas tempestades e paz.
Independente do que o retrovisor da vida me mostra o espelho do meu banheiro de casa sorri muito mais agora.