Estava na cafeteria perto de casa e ao meu lado sentou um casal. Na verdade quem sentou ao meu lado foi a mulher, o homem sentou a sua frente. Eu já havia reparado nos dois na fila. Um casal bonito sabe? Aqueles que a gente acha que saiu de uma propaganda de margarina? Mais ou menos isto.
O fato é que os dois ficaram olhando seus celulares. E eu que estava sozinha e com mais probabilidades de fazer isto (ficar nas redes sociais) fiquei reparando em duas pessoas que chegaram juntas e não se falaram. Eles estavam tão entretidos em seus próprios aparelhos que nem se quer notaram que eu os observava.
Como pode? O que faz nos dispersarmos daqueles que amamos para uma tela que só nos mostra o lado bom e bonito do outro? Que reforça muitas vezes o lado feliz de alguém que pode estar muito mais triste do que pensamos, mas que na rede social faz questão de falsificar sua dor em fotos lindas e curtidas diversas?
Por que saímos do mundo real e entramos no virtual em doses cavalares mesmo quando temos a possibilidade de trocarmos olhares, carinhos e afetos pessoalmente?
Esta possibilidade de não encararmos nossos monstros e nos transportarmos para um mundo irreal impossibilita que possamos enfrentar novos desafios.
Acredito que seja por isto que pensei em conversar com aquele casal, mas não fiz. Não sabia o que tinha acabado de acontecer, se estavam brigados ou não, aliás na fila eles estavam conversando normalmente e sorrindo.
De qualquer forma isto não era algo meu, não podia me intrometer, mas se eu pudesse dizer algo falaria para que limitassem o uso de seus celulares quando estivessem juntos e acima de tudo se olhassem profundamente.
Que trocassem a curtida pelo olhar, o compartilhamento pela aproximação e a postagem pelo afeto.
Sem postagens, likes, visualizações ou compartilhamentos, apenas vida!