Desde pequena eu era uma das pessoas mais altas dos lugares que eu estava. E isso era para mim, a morte. Porque se teve algo que me torturou por muito tempo na vida, era o fato de eu ser notada. Quantas e quantas vezes falei que eu queria ser invisível? Que não gostava que ninguém percebesse que eu estava no local?
Aquela atitude representava minha falta de autoamor, de autocompaixão, de cuidado. Mostrava também que eu me achava um “patinho feio” e o por isto, o desejo de que ninguém me visse.
– Se eu não me aceito, ninguém tem que me aceitar também. (era a minha frase interna inconsciente)
Quantas vezes quando algum homem se interessava por mim eu pensava – este cara tem algum problema, como ele pode me achar interessante? Só pode ter algo errado com ele. E isto explica porque por muito tempo em minha vida os relacionamentos que eu tive eram estranhos e superficiais, com raras exceções.
Acontece que quanto mais nós nos escondemos, menos aprendemos a conviver com os nossos barulhos internos e consequentemente ninguém nos descobre. Embora minha altura me mostrasse, minha alma se camuflava. Eu escondia o melhor que tinha a oferecer para o outro por acreditar que era ruim.
A consequência era sempre me sentir sufocada com a quantidade de esconderijos que eu mesma criava.
O processo do autoconhecimento levou muito tempo, pois não basta compreender o que acontece com as nossas autossabotagens, negações e todo o kit que envolve isto. Precisamos internalizar, acreditar e ai sim começar nosso trabalho de aceitação.
E durante este tempo o mundo até poderia acreditar que estava tudo bem, mas não sustentava por muito tempo, pois a minha energia chegava antes de qualquer atitude.
A boa notícia é que a partir do momento que este “bichinho aceitação” se instala não tem mais volta. Porque ele entra em cada célula nossa, cada pedacinho e todos podem ver sem que a gente mostre ou esconda.
E agora estou exatamente ai. Neste momento de me aceitar e me amar como sou. Sem colocar véus sobre meus defeitos ou exaltar minhas qualidades, apenas sendo eu mesma e me amando.
Ostento minha alma, assim como ostento minha vista de casa, mas tudo isto é comemoração do meu interior, das minhas cicatrizes internas e dos meus processos de autocura.
‘A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original’. (Albert Einstein)