Depois que a minha cachorra faleceu muitas pessoas questionam se eu quero outro cão. E a minha resposta sempre é não. E ai vem a próxima pergunta: ” – por que você não quer mais?”
Eu digo que é muito sofrimento, e embora eu seja cachorreira não me vejo com outro cão por enquanto.
A verdade é eu criei em minha mente a ideia de que se colocar outro animalzinho na minha vida estarei sendo desleal com aquele que já partiu.
Quando a Nina começou a ficar doente algumas pessoas diziam para eu pegar um novinho que assim eu já tinha outro para amar e doeria menos a sua partida.
Isso me fez pensar numa reflexão: o amor pode ser substituído? Usamos o sentimento para tapar buracos? Quantas vezes nos relacionamos com pessoas que nem queríamos, mas como estamos sozinhos e carentes tentamos construir um amor futuramente?
Será que é válida esta tentativa?
O modelo “é melhor termos várias opções para não focarmos em uma só” não combina comigo, com os meus valores. Para mim parece mais uma maneira de ser superficial e raso com o próprio sentimento (por medo de acontecer uma entrega de emoção) do que uma forma de doer menos. Não é a dor a questão é a conexão.
Se vivermos sem o mergulho profundo – seja do que for – estaremos sempre em nossa zona de conforto. No caminho seguro e menos desafiador e talvez não seja para isto que nós estejamos aqui.
Não há nada mais apavorador do que amar. É um mergulho no escuro dos sentimentos alheios e uma forma de não termos certeza de nada e quando correspondido acaba sendo o combustível necessário para que a gente continue a caminhada.
A garantia que temos no início?
Nenhuma, mas se continuarmos no raso jamais saberemos qual a temperatura da água e ficaremos sempre na dúvida daquilo que poderia ser…