Estava fazendo minha unha e ao meu lado tinha uma senhora, Dona Odete. Começamos a conversar sobre coisas triviais até que descobrimos que moramos, em tempos passados, em ruas muito próximas. Ela conhecia a padaria que da rua que eu morava, a cabeleireira que a minha mãe ia e dizia que meu rosto não era estranho.
Ela é uma senhora moderna e elegante. Mostrei as fotos dos meus pais quando jovens e velhos. Contei sobre a minha mãe, minhas irmãs e meus sobrinhos. Falei do meu pai.
Ela contou sobre sua família também, perguntou meu nome e eu disse.
Na hora que eu estava indo embora ela me chamou:
” – Keila, vem aqui.”
Me deu um abraço apertado um beijo e disse:
” – Que Deus abençoe o seu caminho, tudo de bom para você sempre viu? Eu gostei muito de te conhecer. Adorei você desde a hora que apareceu aqui.”
E eu respondi:
– Acho que a gente já se conhecia de outras épocas já que a senhora era minha vizinha.
E ela me respondeu:
” – Acho que foi coisa de outra vida”.
Esta foi a conversa mais fofa que eu tive com uma suposta desconhecida fazendo as unhas. Todo mundo diz que salão é lugar de fofoca, mas este que eu vou nunca foi. A dona (que também é minha amiga) sempre foi discreta e humilde e não permite fofocas e nem “disse me disse”.
A vida pode ser bem melhor se a gente doa amor a um desconhecido. Ao dar um sorriso na rua ou apenas ouvir alguém. Ao dizer: “adorei te conhecer”, Dona Odete iluminou meu dia e você pode iluminar o dia de alguém também.
A vida pode ser muito mais amor e muito menos dor.