Nós não precisamos de muito tempo na internet e nem de muitas habilidades como usuários dela para conseguirmos um número muito significativo de material que dá conselho como ser alguém melhor.
A pergunta que fica é – melhor para quem? O foco está sempre no outro. Naquilo que nós precisamos ser para o outro, esquecendo que o discernimento inicia em nós, no nosso autoconhecimento.
E o ponto maior desta análise é que existe uma drástica diferença quando buscamos “como ser boa” no feminino e “como ser bom” no masculino.
Foi brincando neste tema e na pesquisa rápida de curiosidade que eu soube muita coisa, principalmente tudo o que a mulher tem que fazer para se tornar melhor para os outros, e o conteúdo é basicamente ser melhor para os homens envolvendo a parte física e o desempenho sexual.
Existem formas milagrosas de ser uma excelente esposa, de nos tornarmos mais sexys ou mais bonitas, aprender atitudes para sermos mais elegantes, nos tornarmos o par ideal não só para um, mas para que todos os homens caiam aos nossos pés e também como ter o corpo das modelos.
As dicas não terminam por ai, os números devem ser estratégicos – 5 dicas para ser melhor na cama e deixar qualquer homem louco, 8 maneiras de fisgar o homem dos seus sonhos, 3 dicas infalíveis para ser a mulher mais desejada, algumas outras mirabolantes formas de ser melhor esposa, mãe, babá, namorada, etc.
Do mesmo modo que fiz esta busca no feminino eu fiz no masculino e para a minha surpresa também existem várias dicas e maneiras deles se tornarem melhor, porém, o foco é outro.
Os homens no mundo da internet podem aprender a serem excelentes alunos, líderes, gestores, vendedores, profissionais de sucesso, chefes e por aí segue uma linha infindável de adjetivos que eles podem se tornar. O ponto sempre recai na parte profissional.
Por mais que exista uma questão gramatical que nos pede para utilizar o masculino quando é para os dois gêneros – e que para mim sempre caiu um pouco estranho – eu poderia encontrar na pesquisa o mesmo tipo de tema que encontrei quando coloquei “como ser boa” só que isto não acontece. Homens podem ser melhores líderes e mulheres mais desejáveis.
Mentalmente não mudamos. Continuamos de alguma forma presos no tempo em que os homens saiam para buscar recursos, seja caça ou dinheiro e as mulheres ficavam fazendo comida, cuidando dos filhos e esperando os “chefes” da casa.
E hoje em dia, nós mulheres, desejamos que os homens sejam mais sensíveis, contem o que sentem e falem de seus mais profundos medos. Queremos ser respeitadas como profissionais. E isto não está errado, porém, para que isto mude é necessário que a cultura do país mude.
É necessário que a educação deste homem e desta mulher seja feita na igualdade. Existem questões que envolvem limitações físicas e disto não temos como escapar, mas podemos falar sobre aquilo que nos importa de igual para igual, sermos respeitadas quando engravidamos e ao voltarmos para o emprego termos a certeza de que isto não será um fator definitivo para uma demissão. Queremos poder falar de equiparação salarial com a mesma tranquilidade que falamos sobre nossos relacionamentos.
Mas para que tudo isto aconteça precisamos primeiro falar. E falar. E falar. E falar muito mais ainda sobre direitos iguais.