É muito fácil a gente usar aquela frase “se der medo, vai com medo mesmo”.
Eu sei do que eu estou falando porque já falei muitas vezes para mim, para os outros e também sou mestre de ter medo. Ou talvez até bem pouco tempo atrás eu fosse. Vivia como quem anda na corda bamba pronta para qualquer instante cair e me estatelar no chão. Resultado? Eu atraía exatamente isto. Situações desastrosas que me reconhecia como errada ou “não boa o bastante“.
E é péssimo se olhar no espelho e ver isso. Encontrar naquele reflexo alguém que não temos orgulho ou que não admiramos. E o pior de tudo é quando os outros validam em nós qualidades que não reconhecemos.
Prazer, estão falando com a pessoa que mais atrasou seu processo de evolução por sempre priorizar o medo. Eu ia com medo mesmo, mas passando mal, com as mãos trêmulas e geladas, com a voz meio rouca e indo várias vezes ao banheiro. Sim, eu tinha frequentes dores de barriga por conta da minha insegurança.
A ansiedade, esta danada.
O que muitos não compreendem é que estas sensações podem ser irracionais e na maioria das vezes são. A gente só vê um perigo imenso eminente e não encontramos a solução. E não adianta ninguém dizer que é bobagem, que aquilo não tem perigo, que é seguro, que vamos dar conta, nosso cérebro entra no alerta vermelho e começamos a pensar que estão falando apenas para nos agradar.
A questão é que cada um tem um jeito de sentir ansiedade e até um certo ponto ela é normal e necessária, passado este limite imaginário torna-se um alerta bem grande que necessita de tratamento, cuidado, e muito amor-próprio.
Se der medo, se cuide, se conheça, corra atrás das respostas, procure profissionais competentes, mas primeiramente encontre pessoas empáticas e acolhedoras que compreenderão seu momento.
Se der medo, diga. Conte para alguém. Não segure a onda sozinho(a). Não pense que é besteira, que vão minimizar seu medo.
Eu tinha de medo de dar certo, por exemplo. Qualquer coisa. Tinha medo de ter sucesso, poder, fama, reconhecimento, status… E olha aonde estou agora? No mesmo lugar! Risos. Brincadeiras a parte eu realmente tinha uma espécie de bloqueio quando pensava em progredir em qualquer área da minha vida.
Foi com o tempo, terapia, autoconhecimento e coragem de me encarar que eu transmutei e continuo transmutando este sentimento.
Nos relacionamentos?
Opa, por diversas vezes eu me boicotei porque achava que não tinha capacidade de ser amada. Foram anos pensando isto e o que eu fiz? Deixei passar oportunidades lindas de amores, de pessoas reais, cheias de defeitos como eu, que queriam estar comigo por eu ser quem eu era.
E para reforçar aquilo que eu acreditava, aquela crença limitante eu me envolvia com pessoas quem nem se quer saberiam dizer qual meu cantor predileto – algo que todo mundo sabe.
Mergulhar no mundo da entrega é desnudar-se ao outro sem tirar uma peça de roupa e isso dá medo assim como outras fobias que existem por aí.
Nós só progredimos indo para frente, quando olhamos no retrovisor da vida conseguimos ver o que passou, o que já experimentamos, porém, sem mais possibilidades de mudar o que foi.
Estamos aqui para aprender com os passos anteriores e experimentar novas possibilidades com o presente, mas se tivermos medo não precisamos levá-lo com a gente, podemos chamá-lo para um papo e abrir o nosso coração com ele para entender o que ele está querendo dizer.
Aceitar e acolher os nossos sentimentos podemos trazer para pertinho de nós exatamente o nosso reflexo sem fugir, boicotar ou enganar a nossa essência.