Hoje em dia é assim, não importa o que a gente produza de conteúdo, a qualidade, o que está sendo dito, a foto, a linha de raciocínio, a intenção, o objetivo é curtir e compartilhar.
Curta e compartilhe uma notícia falsa, curta e compartilhe uma informação irreal – tipo aquele WhatsApp para doações de Golden Retriever que sequer existem ou estão para adoção e a coitada da pessoa continua recebendo mensagem de gente interessada, aquele vídeo antigo que até a imagem está bem ruim, mas que as pessoas acham que aconteceu hoje e saem divulgando para todos – curta e compartilhe um cachorro perdido que o filho tá doente e a foto é de 2001, o absurdo de uma mãe machucando um criança no colo e que depois de uma semana todos ficam sabendo que a foto foi uma montagem de alguém que não tinha muito o que fazer além de brincar com a vida de outra pessoa.
Curta e compartilhe porque eu quero likes, eu quero ser querida, eu quero ser amada, eu quero ser demais nas redes sociais, eu quero ter um milhão de seguidores…
Curta e compartilhe não importa o quê, porque eu preciso disto, porque eu preciso do que você tem para me oferecer, e na verdade é só isto que você tem que dar na rede social.
Tem gente que não lê conteúdo, a maioria das pessoas não lê, olha a foto está bonita, pronto curtiu! O conteúdo muitas vezes pode estar dizendo algo que nem gostamos, que não acreditamos, que não apoiamos, mas eu curto né, porque se eu curtir o outro vai me curtir e se eu tiver muito like as pessoas vão achar que eu sou alguém importante, que eu sou maravilhosa, que eu sou influenciadora, que eu sou famosa, então curta e compartilhe tudo.
Porém, quando a gente chegar em casa e tiver um problema de relacionamento com o nosso pai, mãe, esposa, marido, filhos ou estivermos com um relacionamento difícil com a gente mesmo, porque nem nós nos aguentamos, mas não temos feito muita coisa para mudar isto não terá rede social disponível…
Estando nestas condições eu quero ver a gente compartilhar, curtir esta sensação e chegar para a pessoa que precisamos e dar um “like” real nela, falar ” – olha, vem aqui vamos conversar? Eu não estou legal, você não está legal, a nossa relação não está boa”. Ou então, olhar para nós mesmos, nos olharmos no espelho e admitirmos que não estamos bem, procurar ajuda, curtir e compartilhar a nossa dor para aquele terapeuta, para aquele psiquiatra, para aquele psicólogo, para aquela pessoa querida que vai dar um direcionamento dentro de um centro espírita, uma igreja, uma sinagoga, um templo, uma palestra, um encontro, não importa…
Neste mundo do curta e compartilhe as coisas do mundo virtual nos esquecemos de curtir e compartilhar os bons momentos em família, os bons momentos com amigos, os bons momentos da vida e também os tristes porque numa rede social a gente não pode dizer que está triste, porque se isto acontecer vai chegar uma enxurrada de gente despreparada querendo dizer o que é melhor para nós e é ai que mora o perigo.
Porque todo mundo sabe tudo, todo mundo entende tudo, indica tudo, mas será que todo mundo se percebe? Será que todo mundo se conhece? Será que todo mundo que dá uma recomendação para nós, cuida da própria vida de uma maneira plena? Sabe que nem tudo na vida é curta e compartilhe?
Sabe que nem tudo na vida é o mundo virtual e que aliás, o mundo virtual é uma parcela muito pequena da nossa vida embora a gente passe muito tempo dela olhando para esta telinha que você está lendo o meu texto?
Leia…as entrelinhas, a intenção, a energia, o sentimento, o conteúdo todo.
Se você tiver muita influência vai ter muitos seguidores no mundo virtual, mas se você estiver conectado em que é, focado em ser sua melhor versão, com boas intenções, palavras, com vontade de trocar e tocar na vida das pessoas você terá seguidores da vida real, seguidores que estarão ao seu lado quando realmente o mundo virtual for só uma telinha e nada mais.