Em casa era proibido dizer palavrão. Levei anos para usar a palavra “merda” e só quando escapava acidentalmente. Meus pais exigiam respeito entre os irmãos: brigou, pede desculpas, vai ter que fazer as pazes. O mesmo era válido quando eu brigava com o meu pai. Apanhei, poucas vezes, confesso.
Nós não podíamos fazer tudo o que queríamos, não era permitido barraco no supermercado porque queríamos chocolate, iogurte, boneca ou qualquer outra coisa, mas nunca pedíamos nada, sabíamos da dificuldade que tínhamos.
Na casa dos outros, isto inclui a casa da minha madrinha, casa de tios, de primos ou qualquer casa que fôssemos não podíamos pedir nada (mesmo que fosse água), nem sair abrindo geladeiras, armários, entrando como se fosse de casa e se alguém nos oferecesse qualquer coisa minha mãe olhava com cara de – você não vai aceitar. Da mesma forma quando dormíamos na casa de alguém nem era preciso de recomendação, já era sabido: você obedeça as regras da casa e se comporte.
Se não tem dinheiro? Não compre, não peça emprestado, não faça dívidas. Se alguém te emprestou alguma coisa e você quebrou ou estragou, reponha imediatamente.
“Por favor”, “obrigada”, “licença”, “desculpe” sempre foram palavras básicas para nós.
Se eu me sentia no nazismo, na ditadura ou algo assim? Não. Se isto causou em mim algum trauma? Não. Se isto prejudicou a minha formação? Pelo contrário.
Tudo isto que meus pais ensinaram para nós três (eu e duas irmãs) fizeram termos noção de educação e respeito ao próximo. Meus pais nunca foram duros, eles educaram e mostraram o que era certo e errado. Até onde era o nosso espaço e quando começava o do outro.
Minhas irmãs tem filhos: dois casais e os quatro são extremamente educados, prestativos, solidários e respeitam o próximo, isso é a mensagem dos meus pais ecoada, é claro que elas devem ter atualizado a forma, mas jamais esqueceram dos ensinamentos deles.
Hoje em dia vejo falta de limites, falta de broncas e falta de tapinhas morais, aqueles que não doem na pele, mas doem na alma. Em contrapartida, também noto uma turma ainda tímida de pessoas que querem ensinar para seus filhos que o melhor da vida é ser grato, respeitar todos os seres vivos e dormir sem peso nenhum na consciência.
Torço e acredito muito para que esta turma ainda pequena possa aumentar a cada dia mais e fazer as pessoas se conscientizarem que na vida o por favor, obrigado, licença e desculpe podem mudar a vida de alguém.
E se você não sabe por onde começar te dou uma dica: seja gentil com seu próximo, qualquer um que se aproximar de ti, talvez ele precise exatamente do que você tem a oferecer.