Dizem que quando alguém fala algo sobre nós, está mais dizendo sobre ela mesma do que sobre a gente. É o que na psicologia freudiana chamam de “projeção”, um mecanismo de defesa do ego que ao se deparar numa situação ameaçadora ou em algum pensamento indesejado projeta no outro aquilo, desviando assim sua culpa ou responsabilidade perante o contexto.
Se nós não estivermos alinhados e bem conscientes em quem somos, pegamos esta projeção para nós como verdadeira e assumimos como parte da gente. E isto é um perigo.
Relações abusivas funcionam desta forma: um culpa o outro por algo que não está indo bem e este alguém, despreparado para a situação, acaba acatando como verdade e cada vez mais acreditando que é o causador(a) da relação conflitante. Em muitos casos quem recebe estas ações tem grandes chances de ter depressão.
Para exemplificar, há uma discussão entre amigos, um deles sente raiva, mas ao invés de assumir que está com raiva ele diz que o outro sente raiva dele.
É por isto que o autodesenvolvimento e o autoconhecimento são tão importantes, pois, quanto mais sabemos nossos limites e fragilidades, menos aceitamos relações abusivas. Entendendo até onde podemos bancar conseguimos filtrar o que é nosso e o que é do outro.
Apontar o dedo para alguém colocando a responsabilidade de algo ter saído errado a esta pessoa, quando na verdade é falta de capacidade em lidar com determinada circunstância, além de ser um ato completamente egoísta e imaturo, é cruel.
Porém, é importante ressaltar que este mecanismo de defesa está presente em todos nós, na infância ainda é mais comum, quando crescemos em algum momento da vida podemos também projetar no outro alguma insatisfação nossa, mas conscientes de como a nossa mente funciona, fica mais fácil reverter ou parar antes de projetar.
Para quem se identifica vale a pena um processo terapêutico para compreender melhor onde e como este comportamento se apresenta e melhorar não só os relacionamentos num geral como ficar mais conscientes dos seus próprios atos…