Pela manhã de ontem encontrei, ainda no elevador, uma vizinha que me lembrou uma história que vivemos juntos. No verão deste ano, a encontrei no hall do prédio. Já havíamos nos visto outras vezes, mas sem muita interação. Ela sempre chegava com uma feição de preocupada, traduzia poucos amigos. Naquele dia, era diferente. Além do rosto fechado, ela estava mais pálida que o habitual. Seu rosto traduzia medo. Não sou de perguntar da vida alheia, mas achei que eu devia mostrar alguma preocupação. Lancei um “boa noite” e, na sequência, “como você está?”
Nós olhamos por alguns segundos, como se ela analisasse se eu estava ali mesmo. Pouco depois ela me disse que não estava bem e que acreditava estar em uma crise de pânico. Olhei em suas mãos e elas tremiam. As toquei e estavam geladas e duras como picolé. O elevador chegou e a acompanhei até o seu andar, que era antes do meu. Perguntei se queria que eu ficasse com ela por um tempo. Ela disse não ser necessário. Deixei meu número de telefone e número do meu apartamento para que ela pudesse me encontrar se precisasse de algo.
Naquela noite, apesar do meu dia não ter sido nada fácil, lembro-me que ajudá-la e me fazer disponível para apoiá-la, me fez me sentir mais aliviado. Quebrar a parede de um rosto sisudo é uma batalha dura, muitas vezes. E fazer isso e ver que é algo simples, que é um gestor de empatia, pode conectar pessoas.
Ontem ela me fez um carinho ao coração. Ela me lembrou que arriscar oferecer conforto ao outro pode nos trazer muitas boas lembranças. Ela não precisou de nada mais além daquele apoio. E eu fico feliz por isso. Mais feliz ainda porque agora nos falamos mais do que apenas cumprimentos.
#motivaçãotododia
#edualves
Eduardo Alves antes de ser relações públicas, sempre foi um observador. Agora, por meio das palavras, quer dividir suas reflexões sobre o que vê e sente do mundo.