Aceite aquilo que te pertence
Quando eu era pequena, sofria bullying e na época esta palavra não existia e não havia todo este cuidado nas escolas para não se disseminar, mas o meu bullying não era agressão verbal apenas dos alunos.
Tive uma “excelente” professora de educação física que fortaleceu para que isto fosse ainda mais evidenciado.
Toda vez que fazia prova prática eu tinha que ouvi-la dizer ” – affff lá vem ela, a desengonçada”.
A cada exercício que eu fazia, cada falha, ela me apontava, ria e fortalecia às outras crianças que eu era um fracasso.
Eu, tímida e reservada como era naquela época, tomava para mim como verdade e me sentia a errada. A alta, fora do padrão, desengonçada, pela observação encorajadora da professora e calada acabou acreditando em tudo aquilo por muito tempo.
O que fazer quando nos sentimos errados?
Eu me considerava um erro, uma falha, um fracasso e foi preciso muito trabalho de autoconhecimento para me dar conta de que na verdade eu não tinha nada de errado eu só era eu.
Até hoje me pego pensando como aquela menininha tímida e indefesa conseguiu superar aquilo tudo e de vez em quando me sinto como ela aceitando dedos apontados para mim dizendo o quanto eu não sou boa.
Ainda encontro “Anas Cristinas” por ai, que enfatizam meus erros, e falhas, mas aprendi que a única pessoa capaz de me invalidar sou eu mesma.
Ninguém tem o direito de dizer sobre a nossa incapacidade, nem o direito de nos invalidar, de nos agredir, verbal ou fisicamente.
Ou seja, ninguém é a gente para saber o que vivemos e portanto, apontar o dedo na nossa cara.