É com você sim!
Não adianta disfarçar e fingir que não entendeu, não olhe para o lado achando que eu estou falando com outro alguém, é com você mesmo o papo. Parece que faz pouco tempo, mas não, foram anos de convívio, anos falando sobre a vida, sobre as minhas fragilidades e receios, horas gargalhando, horas chorando, dias contando mazelas, tristezas e dores. Isso quando não era você que falava sem parar sobre seus grandes conflitos internos e eu dizia que ia passar, que era apenas uma fase ruim…
Não posso ser ingrata, você também me ajudou em algumas situações delicadas. Em momentos que exigiam cautela tive seu apoio, por várias vezes me fez parar, não seguir adiante e talvez cometer um ato impensado que para falar a verdade nem era tão impensado assim e se eu fizesse não me arrependeria…mas era teu trabalho ponderar os perigos. Em suas opiniões vinha contras. No fundo eu sabia que a sua intenção era me deixar sob seu controle.
E eu deixava. Eu permitia. Eu deliberava. Sabe por que? Porque não tinha ideia que tudo isto era uma forma egoísta de me deixar ao seu lado. Que era uma maneira confortável e acomodada de manter meus pensamentos na sua mochila guardada a sete chaves.
Tanto tempo falando do passado, programando o presente e pensando: “- como será o nosso futuro?” e a resposta sempre era que seguiríamos lado a lado. Como uma irmandade. Algo inquebrável.
Pois é! Até algodão “quebra” quando jogam água. Toda matéria pode ser estragada ou perder sua função, basta usar o instrumento certo que num piscar de olhos tudo muda de figura.
E mudou! Quebrou! Estraçalhou o que vivemos. Eu nunca imaginei que fosse ser assim (nem assim e nem desta forma) mas quem tomou as rédeas (como de costume) e decidiu alterar tudo foi você. Quem alterou a rota do afeto para desafeto, passando pelo “politicamente correto” para os outros foi você.
E eu?
Eu não entendi nada. Achei que fosse algo de momento e que logo depois passaria e você voltaria em si e percebesse a grande besteira que fez ao tentar me controlar e deixá-la presa ao seu lado. Sinto informar, sua missão falhou.
Não posso mais viver debaixo de suas asas sem experimentar a vida lá fora. Você pesou a mão demais desta vez medo e quem vai mandar aqui sou eu. O amor-próprio me chama há tempos e eu não o ouvia, mas agora não tem mais volta. Não me procure tão cedo porque irei te ignorar certamente!