Acompanhar o envelhecimento de alguém que convive com a gente desde que nascemos é algo excêntrico, pois nos deparamos com situações limitadoras que vão acontecendo e não há nada que se possa fazer pois são físicas e mentais. O raciocínio fica mais lento, a memória pode falhar mais vezes, o caminhar acaba sendo mais vagaroso, os ouvidos falhos, os óculos chegam ou aumentam os graus e a vida segue.
No caso específico do meu pai a situação é diferente, pois além dele ter 82 anos e ter sido diagnosticado há 4 com Alzheimer (e eu até já escrevi aqui sobre isto) ver o homem que era forte, ativo, independente e durão se derreter e acabar sendo obrigado a ter sempre alguém junto dele auxiliando-o é que mexe bastante com os meus sentidos.
Estar com ele neste processo pode ser dolorido se eu colocar em questão os meus sentimentos egoicos de querer vê-lo sempre ativo e forte, mas se eu utilizar isto como uma lição para que lá na frente o meu processo de envelhecimento seja melhor posso facilitar a jornada de quem estará me ajudando nisto.
Por exemplo, eu e meu pai temos jeitos similares, um deles é ser independente, portanto posso começar a treinar meu lado “aceito ajuda” permitindo assim que alguém colabore comigo. E com isto muitos detalhes deste processo de envelhecer, de estar com mais rugas, de ter mais limitações pode começar a se tornar uma forma de enxergar a vida e o mundo.
Embora eu acredite que estou na melhor época da minha vida em muitos sentidos e que não me troco por nenhum outro momento, minha coluna reclama muito mais de dor hoje do que há dois anos atrás, por exemplo. Por outro lado, não permito realizar um trabalho onde eu não faça a diferença na vida das pessoas. Esta liberdade que a maturidade me dá me deixa mais focada para as metas que quero cumprir.
Resumindo, mesmo que todos nós estejamos passando por determinadas fraquezas compreender cada etapa da nossa vida é fundamental para termos uma velhice melhor e mais equilibrada. Sem a expectativa de ter o mesmo corpo e rosto de quanto tínhamos nossos 20, mas com a sabedoria de quem entende que cada idade é importante.