Dona Firmina é uma benzedeira de 82 anos. Sim, é uma raridade encontrarmos uma nos dias de hoje, mas ela existe e é do tipo que queremos embalar para presente, sabe?
Independente (mora sozinha), pequenininha, fofa, doce, um pouco surda, com passos leves e calmos, mas com uma energia que ultrapassa o nosso entendimento ela nos convida a entrar em sua casa e ir para a sala do benzimento.
A gente senta num banquinho enquanto ela vai preparando o altar. Ao lado dela tem anjos, santos, colares, velas e todas as imagens que se façam necessárias.
Fui outro dia e desta vez eu tive tempo para perguntar como tudo começou em sua vida, com quem aprendeu a benzer. E foi ai que ela me contou que nunca ensinaram, desde os três anos de idade ela curava pessoas e via espíritos, mas naquela época achavam que ela era doida. Também disse que ouvia vozes que indicavam como curava vizinhos, amigos, parentes etc.
Falou que às vezes, quando criança, ela caía no chão e mesmo apanhando muito da mãe (que era orientada a bater até tirar o couro) ela não se levantava. Só fazia isto quando o seu guia espiritual chegava por perto e a auxiliava.
Fico pensando como era difícil fazer o bem naquele tempo, sem ter como provar. Ainda hoje as pessoas querem ver para crer, imagina há 80 anos atrás.
A vozinha é aquele tipo de senhora que gostaríamos de ter ao nosso lado constantemente. Neste dia ela demorou bastante me benzendo e depois disse que minha saúde estava ótima. Também falou para eu seguir meu caminho de luz que era lindo e ao finalizar o trabalho disse como de costume: volte quando quiser.
Sua casa é simples, não cobra um real pelo que faz e o que não falta é amor no coração para dar. Fico pensando nestas pessoas que acham que benzedeira é coisa de gente ruim. Gente ruim não é aquela que só deseja ou faz o mal? Penso que não é o rótulo que define quem uma pessoa é, é sua alma e isto deveria ser sempre levado em conta.
Na próxima vez que eu for na Dona Firmina vou levar um bolo bem gostoso e quem sabe um pó de café para a gente fazer. Quero ter a oportunidade de dizer a ela novamente sua generosidade é linda de ver e que isto não tem preço que pague.
Você não precisa conhecer uma benzedeira, aposto que tem no seu bairro um sapateiro, costureira ou qualquer outra pessoa já idosa e cheia de histórias para contar. Dê uma chance a você para ouvir causos lindos de inspiração, aliás sempre reclamamos da correria do dia a dia, mas eu desconfio que somos nós que apertamos constantemente o botão “acelere” sem precisar!
#motivaçãotododia
#keilacaiani